O ano passado fui obrigada a fazer um trabalho para filosofia em grande escala. Era um trabalho de grupo e o nosso tema era a Violência doméstica.
Além de pesquisas, de visualização de vídeos e histórias que os nossos amigos nos contavam, decidimos ir para a rua fazer inquéritos. Optamos por ir para as redondezas do hospital S.João porque estes sítios costumam ser o antro da coscuvilhice, além do mais nestes lugares encontrasse de tudo.
Éramos três a fazer perguntas, mas só as pessoas com quem eu falei tinham sofrido na pele. Não eram amigos, nem familiares, eram eles próprios que estavam fragilizados. Quando eles falavam, estavam a contar a sua história de vida. Sem uma lágrima, sem uma magoa. Como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. Como se fosse normal a pessoa que outrora nós amamos nos bata.
Entre todas as pessoas que falaram comigo houve uma que se destacou. Quando lhe perguntei se conhecia algum caso de violência doméstica, ela respondeu-me que sim, que ela própria já tinha sido vitima e que agora era a filha quem estava a passar pela situação. Já tinham feito queixa a policia, no entanto já tinha passado seis (agora dezassete) meses e ainda não se tinha resolvido nada. De tudo o que ela contou, o pior foi o que o genro disse uma vez: “A sua filha só sai desta casa de uma maneira – morta!”. Pergunto-me o que terá acontecido com esta família, ou com o que resta dela.
Por ter um caso destes relativamente perto fiquei mais sensibilizada. Por saber de pormenores concretos fiquei mais chocada. Por agora pessoas que eu gosto sofrerem disto dou mais valor ao trabalho que tive.
4 comentários:
:)
olá fantasia :)
senti a tua falta.
Beijinho
OLá, eu venho cá muitas vezes mas quase sempre não dou sinal que estive por aqui :) beijinho
<Ps: vou tentar comentar mais um pouquinho :)
Eu percebo.
Eu também ando pelo teu blogue e o da 'estranha', mas como tu também não dou muitas vezes sinal de vida :p
Beijinho
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